Com o passar do tempo, cheguei à conclusão que comer, ou seja, me alimentar (para ficar mais evidente e sem segundas intenções nas cabecinhas férteis e maldosas) não é um dos meus prazeres preferidos.
Deus que me perdoe por esta declaração, e que Ele não me castigue. Aliás, como diz a “gordinha” Mariana, “Deus não castiga, e sim ensina”. Aprendemos no dia a dia, inclusive com quem menos esperamos. Sábia definição de uma garota de apenas 12 anos.
Voltando ao assunto, eu acho uma perda de tempo ficar naquele ritual “garfo-boca”, “corte-faca”, apenas para manter o corpo, a saúde, a necessidade, independentemente do prazer. Poderia ser diferente, ou seja, com apenas um comprimido ingerido seria suficiente para satisfazer as nossas necessidades básicas. Acredito que deve ser assim com o astronauta. Não vejo o cara dentro de um foguete, comendo uma rabada com mandioca e tomando guaraná Dolly. Imaginou?
Fico pensando que nós poderíamos ser iguais aos camelos. Faríamos uma só refeição e agüentaríamos quinze dias numa boa, e ainda andaríamos quinhentos quilômetros sem reclamar. Isto que é resistência.
Normalmente freqüento os restaurantes por quilo, e fico analisando. Podem me chamar de maluco, mas vejo como sendo surreal a cena das pessoas sentadas, praticamente da mesma forma, e com a mesma finalidade. Como se fossemos um rebanho frente à ração.
Nestes restaurantes “bandejões” fiz as seguintes análises:
O(a) gordo(a) sempre tem, por menor que seja o pedaço, algum tipo de massa ou de fritura em seu prato, exceto quando resolve “encher o saco” e dizer que está de regime. Aqueles regimes que só são feitos na frente das outras pessoas, ou com o prazo de 48 horas de duração.
Normalmente quem não pede nada para beber tem um corpo normal ou magro.
Aqueles que enchem o prato, que grosseiramente são denominamos como ”pedreiros”, dificilmente se importam com a variedade, tendo sempre o arroz e o feijão como menu principal.
E finalmente você não verá um(a) velhinho(a), mesmo que esteja “capenga” com um prato imenso. Praticamente impossível!
Vendo estas peculiaridades concluo que sou, ao lado do meu primo Ivanildo, o inverso da grande maioria, que tem na comida um de seus prazeres favoritos.