Precipita-se aquele que julga sem ouvir as duas versões, por conveniência, maldade, ou simplesmente por tomar parte de uma linha. Não ficar de fora.
O sarcasmo e a ironia que existem dentro de mim estão cada vez mais aflorados, com um detalhe simples: prefiro deixá-las inertes, guardados. Não me preocupo em me manifestar, preferindo ouvir, colher, armazenar.
Longe da perfeição, mas tentando chegar às suas margens, medindo cada ato, pensamento, desejo, frase, guiado pelo provérbio chinês onde “há três coisas que não voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida”.
Disseram-me que é fácil perdoar, mas se esqueceram de me apontar como excluir o rancor, a mágoa e a ingratidão que presenciei, as quais compõem o meu interior. Aliás, quem disse que gosto do caminho mais fácil? As curvas, os obstáculos, as lombadas, os percalços sempre foram elementos que integraram a minha estrada.
A covardia que vejo nas pessoas não está propriamente revelada em suas faces, mas nas atitudes, ou melhor, na falta, reunindo no seu âmago o arrependimento e a inveja, jamais reconhecidas, exceto quando instigam, provocam a própria consciência.
Absurdos e mentiras são lançadas, de forma descabida, sem qualquer chance de defesa, como uma ditadura silenciosa, onde o opositor tem direito apenas ao silêncio, a aceitação, mesmo sendo inaceitável.
Não sou aquele que querem que eu seja. Não sou mandado, monitorado, ordenado, e um dos meus privilégios está na sensibilidade do equilíbrio, sabendo que apesar dos desejos, esta balança jamais se desmoronará.