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31 de julho de 2012

COMEÇOU A "PUTARIA"


Nesta época que inicia o processo eleitoral municipal, podemos analisar situações esdrúxulas, onde os candidatos se prezam ao ridículo de visitar hospitais, quermesses, jogos de futebol, funerais, palestras, cultos evangélicos, albergues, puteiros, enfim, todo e qualquer lugar que possam colher votos. O cidadão chega a ponto de cumprimentar manequim de loja, tamanho o desespero por seu objetivo.

O cara se prostitui pelo voto, a qualquer preço, a qualquer custo, independente da oportunidade que tiver, seja por bem ou por mal.

Promete tudo que puder, como aquele famoso político da capital que foi visitar uma cidadezinha do interior, e no palanque prometeu construir uma ponte, quando seu assessor, discretamente, o alertou: “Doutor, aqui não tem rio!”. Logo o “prostituto” do voto, para não deixar a promessa em vão, afirmou: “Além da ponte, eu construo também o rio”. Imediatamente houve uma salva de palmas a seu favor. Este foi um “fato venéreo” como diz Paulinho Gogó, da Praça é Nossa.

Veja você, no caso específico de São Carlos, cidade onde “felizmente” resido, cada candidato, em média, com real chance de “colar sua bunda” na principal cadeira da prefeitura, gastará cerca de quatro milhões de reais em suas campanhas, enquanto se eleito for, na gestão total, com salário e gratificações, sequer receberá 1/3 destes gastos. Será que tudo isso é vontade de ajudar o povo?

Você realmente acredita que a intenção deles está voltada para a melhoria da saúde, da segurança pública, do emprego, da educação? Eu acredito! Logicamente se eleitos, certamente prezarão por tudo isso e muito mais, mas em vantagem própria e de sua família, ou melhor, de toda sua “quadrilha”.

Mesmo detestando a política em si, acredito que outros post’s serão publicados retratando a minha opinião a respeito deste tema bastante complexo, pois, infelizmente a corrida em busca do poder ainda está só começando.

Não sou candidato a nada, mas prometo que semanas antes das eleições, revelarei aqui, neste blog, meus votos a vereador e prefeito. Aguardem!



CURIOSIDADES DAS ELEIÇÕES

Nas eleições de 2008, Regina Bortolotti, candidata à prefeitura, recebeu 724 votos, enquanto o prefeito se elegeu com 43.888 votos. Mesmo se tivesse sido candidata à vereadora deixaria de ser eleita com os votos recebidos.

Na corrida para a Câmara Municipal, Lucia Rizzoli do PSB computou 03 votos, enquanto a Pastora Cristiane apenas 01 voto.  No caso da evangélica, tanto seus parentes, quanto os adeptos de sua igreja, deixaram de votar na candidata. Que prestígio! Depois desta frustração, a mesma deve ter seguido para a magia negra, macumba, ou candomblé.

Outro fato interessante foram os votos recebidos pelo Professor Pastore, que somou o montante de 16 votos. Pergunto: Será que ele ministrava em ocas de índios?

Somando os brancos, nulos e abstenções, o número foi de 32 mil votos, numa forma que acredito ter sido de protesto, de pessoas que preferiram não deixar suas casas para praticar o chamado direito a cidadania. Estes 32 mil votos seriam suficientes para eleger todos os vereadores da cidade.

Será que estes números serão diferentes na eleição deste ano?

Façam suas apostas!

27 de julho de 2012

DEPÓSITO DE HUMANOS


Estive acompanhando um amigo no hospital, onde o mesmo encontra-se internado, vítima de tudo que você possa imaginar de um sedentarismo convicto e teimoso. Pressão alta, início de infarto, stress no limite, entre outros problemas oriundos desta doença caracterizada de silenciosa e fatal.

Alguns elementos são sempre os mesmos, quando o assunto é hospital. Não muda nada com o tempo, ou melhor, piorou com o passar dos anos, comparados a primeira vivência que tive como acompanhante, ainda na adolescência, além de outras não tão antigas.

Vejo que 70% dos visitantes carregam visíveis nos olhos a obrigação de estar naquele lugar, mesmo sendo um ente querido. Imagine se não fosse? Por outro lado, quem gosta de hospital é médico e enfermeira, e não amigos e familiares. O pensamento é mais ou menos assim, infelizmente.

As horas passavam, quando adentrou a madrugada, com um silêncio somente quebrado por alguns chamados, gritos de dores e aflições. Sinceramente acaba assustando, principalmente quando seu pensamento está distante.

@CLICBS

O soro caia lentamente, a televisão praticamente muda, o vento batia na janela e alguns passos no corredor completavam o cenário, quando de repente, próximo as 4 da madrugada uma sirene soa, sem tempo para socorrer um paciente que veio a óbito.

“O cara acabou de morrer no quarto ao lado. Estive conversando com ele no dia anterior, e aparentava estar bem. Como a nossa vida é cheia de surpresas e a hora certa somente Deus é quem sabe”, pensei comigo.

Inacreditável a reação dos dois familiares que foram chamados pela enfermeira chefe. Nenhum deles esboçou qualquer sentimento de perda, mesmo um deles sendo filho. Por mais que este cidadão tenha sido um grande “filho da puta” em vida, acredito não ter merecido tanto desprezo. Mas isso somente eles podem avaliar.

Os minutos passaram, até que vi uma ponta do sol surgir, revelando que minha jornada naquele depósito de humanos havia terminado, pelo menos por hoje, restando assim tomar um banho, um café, e enfrentar o dia, que nas minhas condições, certamente será extenso, me arrastando até este mesmo sol se pôr.

25 de julho de 2012

BOM APETITE


Realmente não sou nada confiável quando o assunto é cozinha, pois nestes anos de vivência, apenas aprendi a fazer ovos cozidos (mas sem o risco de descascá-los), Miojo, pipoca de microondas, sem contar na minha maior especialidade, que é ferver água para o café.

Porém, vou repassar uma receita, criada por mim mesmo, e com o aval de um chef famoso internacional, onde gostaria que você tentasse fazer, num destes finais de semana, quando sua família estiver toda reunida. Certamente os sobrinhos “pentelhos”, cunhado e sogra aprovarão. Trata-se de uma receita que, mesmo eu não sendo um expert da culinária, acabou dando certo, e todos os convidados aprovaram.

Primeiramente você pega um liquidificador, daqueles que nem precisam ser potentes.

Os ingredientes são: 100 gramas de carne moída (pode ser das piores que tiver, carne de segunda, terceira ou quarta), meio pé de alface, meia batata (se possível já cozida, aquela que sobrou do almoço), um terço de pepino picado, um quarto de cebola picada, meio copo de leite (ou então um pedaço pequeno de queijo que você tenha perdido na geladeira), meia colher de sopa de maionese, duas fatias de pão (o mais mole ou murcho possível), e finalmente uma colher de chá de sal.

Coloque todos (eu disse todos, todos mesmo) os ingredientes dentro do liquidificador e bata por cinco minutos.


Logo você verá que ficou uma pasta, até porque a carne misturada no leite e no pepino dará uma aparência requintada, evitando qualquer tipo de decoração. Coloque numa tigela e engula, sem fazer cara feia. Se tiver dificuldade, mande um gole de coca cola, daquelas retiradas em máquina, cheia de pedras de gelo, pra dentro, no sentido de empurrar toda esta maravilhosa e suculenta “papa”.

Na verdade é isso que seu estômago recebe, quando você vai ao Mac Donald’s e ingere o famoso número 1, ou seja, um Big Mac, batatas e refrigerante.

Em breve voltarei com novas receitas, no oferecimento de Margarina Mila, apoio das Casas da Banha, e incentivo da grande, ou melhor, da pequena Palmirinha.

22 de julho de 2012

CAIU O PREÇO NO SALÃO


Ontem enfrentei mais uma vez a balança, e novamente meu peso subiu, alcançando os cento e poucos quilos, onde imediatamente me lembrei de Elvis Presley. Recapitulando a trajetória do cantor, o jornalista Joe Esposito em sua obra póstuma, publicou uma foto dele com 110 quilos e registrou: “Elvis nunca mais seria o mesmo”. O cara não poupou sequer o Rei do Rock Mundial. Deve ser um gordo traumático, que se aproveitou da situação.

Aquele momento permaneceu, sendo que numa reflexão pessoal, pensei comigo mesmo: Ficar gordo não é o único problema, há também a questão da calvície, da perda dos cabelos de forma desenfreada, sem contar que os fios que permanecem estão cada vez mais claros, jeito generoso de não dizer, brancos.

Quando comecei a acordar e ver que centenas de fios ficavam no travesseiro, a situação foi estarrecedora. Não tive outra alternativa, senão buscar ajuda profissional.

Na consulta “arranjada”, o médico afirmou que a perda dos cabelos pode ser a alimentação, a genética ou o stress. Nossa, como ele descobriu isso? Precisou de dez anos de estudos para chegar a esta conclusão? Aliás, especialistas nesta área, deve repetir para todos os pacientes o mesmo diagnóstico.  Posteriormente lhe receita uma ampola, onde certamente lhe deixará impotente sexual. Você escolhe: Ficar com os cabelos e broxa, ou potente careca?

Cômica é a minha cabelereira, que numa forma de amenizar a situação, sempre quando começa a usar a tesoura nos meus poucos cabelos que restam, diz que isso é natural, para não me preocupar. No começo do ano o serviço era trinta reais, e atualmente, passados oito meses, mesmo com a inflação no país, o preço caiu para vinte “pilas”. Da mesma forma que ela tenta compensar com as palavras, acaba prejudicando com as atitudes. Mas deixa isso pra lá.

Sinceramente não imaginava que envelhecer teria todos estes problemas a serem enfrentados. Não quero nem pensar o que ainda vem pela frente.

Ed Motta

Já que eu preciso sair, curtir a “nuit”, o jeito será vestir uma camiseta, tamanho extra GG, de preferência com listras horizontais, por fora da calça, colocar um boné, e partir para a realidade, ou melhor, para o disfarce, até ser obrigado a comprar uma peruca, daquelas de brechó, e colocar em pratica os ensinamentos da família “Tim Maia”. Feliz do seu sobrinho, Ed Motta, que sempre aceitou seu estilo, brinca com seu físico, devora sem nenhuma vergonha o que tiver na frente, e ainda debocha dos robustos que querem ser vistos como magros.

19 de julho de 2012

“PARE O MUNDO QUE EU QUERO DESCER”


Quando penso que já vi de tudo nesta vida, situações são apresentadas para testar o limite da consciência humana, neste caso, a minha. Sinceramente tem hora que penso em desistir, jogar a toalha, fechar a cortina, colocar uma mala nas costas e seguir trajeto, mas a sensatez sempre fala mais alta, além do equilíbrio que insiste em me perseguir.

Logicamente preservando nomes, uma mãe chegou no escritório alegando que sua filha de sete anos tinha sido molestada pelo padrasto, com fortes indícios de abuso sexual. Olhando a menina, estatura normal de uma criança de sete anos, magra, cabelos cobrindo os olhos, sempre voltados ao chão, não precisaria sequer de provas, por ser perceptível. Porém, como manda o protocolo, instrui para que passasse pelo exame de corpo de delito, e assim fossem registrados os abusos, além das providências que seriam tomadas no âmbito policial e judiciário.

Neste tempo o indivíduo “deu linha na pipa”, sumiu, escafedeu, partiu para o famoso LINS (lugar incerto e não sabido), enquanto o médico legista constatou os abusos, confirmando o trauma que estava aparente no rosto da menor.

As providências policiais foram tomadas, o pedido de prisão foi aceito pelo Poder Judiciário, bastando apenas encontrar o foragido, e principalmente encaminhar a garota para um acompanhamento psicológico, e demais necessária para amenizar e tratar a dor, o trauma que infelizmente estava apenas iniciando.

O pior foi que dias depois, a mesma mãe, voltou, e com um ar de arrependimento visível, perguntou: “Doutor, se eu perdoar meu marido, mesmo assim ele será preso?”. Sinceramente não tive sequer reação em responder, e por questões de princípios, pedi para ela procurar um outro profissional. Como diz na linguagem popular: Abandonei o “causo”.

Felizmente as penalidades que serão aplicadas no padrasto não dependerão da vontade da mãe, e sim do Judiciário, através do Promotor de Justiça, senão, certamente, este homem estaria de volta ao lar, barbarizando não somente sua enteada, como outras menores que o mesmo pudesse ter contato.

@unitoledo

Ciente que esta minha posição trará grande repercussão, inaceitáveis aos olhos da grande maioria, defendo que o pedófilo é uma pessoa doente que precisa de tratamento, mas que também necessita urgentemente ser excluído da sociedade. Não vejo racionalidade uma pessoa sentir atração por um menor, independente do sexo, que nem sequer se formou. Não sou analista ou psiquiatra, mas em casos assim, existe algum grau de psicopatia ou de distúrbio.

Além dele, no caso específico, a mãe desta “pobre” menina, precisa do tratamento redobrado, uma internação urgente, onde além de transtornada, não tem a mínima condição de educar uma filha. Qual a segurança que uma mãe desta passa? Sinceramente não sei quem é pior!

Que Deus tenha piedade desta família, e que possa iluminar os caminhos, principalmente da vítima, onde certamente carregará consigo, por toda vida, esta cicatriz do absurdo humano. Enquanto isso eu penso seriamente em arrumar as malas, colocar um violão nas costas e seguir caminho, pois a realidade está cada vez mais cruel e inaceitável.

Como diz Silvio Brito: “Pare o mundo que eu quero descer”.

16 de julho de 2012

ENCONTRO COM O PROFETA


Reparou como as pessoas não têm mais tempo para ouvir? O trânsito, o celular e o computador fazem ocupar um tempo, onde não conseguimos sequer passar uma informação, um pensamento, ponto de vista, ou menos ainda um acontecimento ou um problema que possa estar nos afligindo. Não há segundos a serem desperdiçados.

Contrariando esta realidade, passei algumas horas conversando com um senhor de 80 e poucos anos, bastante lúcido, inteligente, sereno, com um ar de sabedoria estampado em seu semblante, o qual, carinhosamente, o apelidei de PROFETA.

O “velho” Noronha me foi apresentado no bar do Cigano, um destes botequins de vila, intitulados por muitos de “vendas”, “armazéns”, onde se comercializa desde a simples pinga no balcão a enlatados, produtos de limpeza, etc. “Aqui tem de tudo um pouco”.

De forma generosa, a fim de não ofender, logo após o aperto de mão, soltou como primeira recomendação o seguinte ensinamento: “Quando quiser falar de você, saiba também ouvir”.

Noronha viveu em dois países na Europa, passeou pela América do Norte, e hoje, mesmo tendo formado uma família, prefere viver isolado, independente, meio a solidão, pois defende que ninguém é obrigado a carregar um fardo, se retratando a ele próprio.

A visão que este senhor tem do mundo é surpreendente e ao mesmo tempo assustador.

Confessou que sua maior perda foi à morte da esposa há quatro anos, vítima de um câncer; que o valor da pessoa está naquilo que ela pode oferecer; que a ingratidão de filhos não é mais uma exceção; que numericamente o mal sempre foi superior ao bem; e que com o tempo a pirâmide de amizade vai se afunilando, até chegar na solidão total.

Conversamos sobre muitas coisas, onde abordamos o passado, as suas passagens, algumas aventuras, quando repentinamente me questionou qual seria o meu maior sonho. Fiquei, em questão de segundos, conturbado, até porque, realmente, não tenho nenhum sonho concreto a ser realizado.

Antes de nos despedirmos uma lição: “Preferível manter a realidade daquilo que um dia foi um sonho, que criar novos sonhos e não serem realizados”.

Sinceramente fiquei com esta frase por vários dias na cabeça, além de outros conselhos que soaram como nobres ensinamentos.


Mesmo assim, perdi a oportunidade de lhe dizer que em matéria pessoal meu maior sonho é encontrar e manter a paz em sua plenitude, enquanto no campo material seria adquirir um fusca, objeto de desejo que somente irei buscar quando estiver completamente realizado internamente, ou seja, encontrado o pessoal.

Espero que em breve, na próxima conversa, eu tenha a oportunidade de lhe responder esta pergunta que ficou sem resposta, até porque este profeta abomina celular, computador e desconhece trânsito, exceto do trajeto que faz mensalmente ao banco, a fim de retirar sua “misera” aposentadoria, como bem evidenciou.

12 de julho de 2012

"FAZENDO O QUE O DIABO GOSTA"


Convites de casamento, aniversário de criança, formatura e batizado, sempre me deixam com um, ou melhor, dois pés atrás. Imagine você ter dois compromissos destes num mesmo final de semana? Na hora veio o pensamento: Comigo tudo acontece!

O jeito foi degustar uma dose de uísque e enfrentar esta jornada. No fundo eu ouço: “Amor, já que estamos no inferno, vamos abraçar o capeta”. Aliás, o cotidiano me fez aprender que vivemos lado a lado com o pernicioso, o maligno, e a falsidade. Não tivemos que sair da mesmice, e mantivemos o equilíbrio.

Primeiro foi o matrimônio, marcado para o sábado às 5 horas da tarde, onde a gravata me fez imaginar como teriam sido sofríveis os últimos minutos de Tiradentes. O atraso da noiva, as juras de amor, o padrinho bêbado no altar, o tombo da dama de honra, o sermão infinito do padre de 226 anos de idade, foi o prenúncio do que viria pela frente. Um detalhe importante: Não havia um boxe para pit stop em nenhuma esquina da igreja. Sacou?

O salão era distante e aguardar a noiva, conduzida num lindo Opala Diplomata, fazia parte da boa conduta. Logicamente se o carro escolhido foi este, álcool na festa não seria problema, não faltaria. Assim que chegamos duas doses de vitamina, e algumas cervejas, onde soava uma retribuição por tudo que já havíamos passado.

As centenas sessões de fotos, os “miseráveis” correndo do corte da gravata, a invasão na mesa do bolo e as piadas que Chico Anysio certamente reprovaria até mesmo para integrar seu pior programa em sessões de pouca criatividade, foram o derradeiro do casamento.

Que sejam felizes para sempre. Atualmente virou moda fazer festa de separação conjugal. Imagine tendo que passar por tudo isso novamente?

Reclamar não seria viável, até porque havia ainda uma festa infantil, com hora marcada para terminar. Aliás, isso é uma atenuante viável para aqueles que não se tocam do momento certo de ir embora, desocupar a mesa, os chamados “sem noção”, como diz meu amigo Gordo.

Mal adentramos no salão quando o garçom nos serviu uma cerveja num daqueles copos de plástico, propicio a este tipo de bebida. O malte e a cevada se encaixaram perfeitamente, como um espumante francês na caneca de alumínio.

A cortesia não ficou por ai, tendo ainda os gritos incessantes das crianças, salgadinhos frios e murchos na mesa, as músicas dos palhaços Patiti & Patatá, e novos flash’s sob os olhares perplexos de uma indignação alheia que rondava o ambiente.

Crédito: desnorteando.tumblr.com 

Fomos pra casa com a certeza do dever cumprido, depois de um dia repleto de situações surreais, ainda que esperadas, restando apenas o repouso merecido sabendo que “a história mostra que a gente agrada Deus, fazendo o que o diabo gosta”.

7 de julho de 2012

CANTANDO UM BLUES


O ano era 1990, quando realizando um evento na Oficina Cultural de São Carlos, entrou um homem de cavanhaque, calça jeans, camiseta e uma bolsa pendurada, portando alguns jornais nas mãos. Logo me foi apresentado por Elizeu, seu irmão: “Esse é o Isaac, que queria te conhecer e foi amigo do Raul”. A identificação foi imediata, quando logo me convidou para jantar na sexta-feira seguinte. A questão foi que ele jamais imaginava que o convite do jantar fosse se estender até na segunda-feira. Mesmo morando na mesma cidade, me hospedei por três dias em sua casa, onde conversamos, bebemos algumas cervejas, batidas, uísques, esvaziando seu barzinho da sala, ouvimos muita música e tive a ousadia de fazer minhas refeições numa “tigela”, que somente meses depois fui saber que era de seu uso pessoal.


A amizade perdurou por anos, onde a nossa relação foi além das afinidades musicais. Viajamos para muitas cidades, passamos inúmeros finais de semanas nas estradas, shows, barzinhos, vendo vários personagens que faziam parte desta trama ficar pelo caminho, sendo perdas naturais da vida, ainda que inaceitáveis.

Considero o velho Isaac um dos mais conceituados e talentosíssimo escritor que já conheci, autor de parcerias musicais, poeta de nascença, que traz na alma a mistura de amargura, dor, injustiça e outros elementos que se encaixam naquela famosa frase de Dom Raulzito: “Pena eu não ser burro. Eu não sofria tanto”.

Autor de obras como “Raul Seixas, O Metamorfônico”, considerado um dos livros mais raros e disputados a peso de ouro pelos fãs do “Maluco-Beleza”; “Zé Ramalho, O Profeta do Terceiro Milênio”, Isaac Soares de Souza lançará “Cantando Um Blues”, no próximo dia 03 de agosto, ás 20 horas, no SESC São Carlos, com um show do bluesman J. J. Jackson.

O livro retrata a origem e as influências deste ritmo que influenciou diretamente o nascimento do Rock’n Roll, através de capítulos que não ficarão restritos a nomes internacionais como B. B. King e Robert Johnson, e sim a muitos ícones brasileiros como Made In Brazil, dos irmãos Vecchiones; Nasi e Os Irmãos do Blues; Celso Blues Boy; André Christóvam; Blues Etílicos, entre outros, numa linguagem que leva o leitor a uma viagem de volta ao tempo e na história.

Apesar das turbulências e das curvas que nossa amizade teve por um período, tenho muita admiração, respeito e uma irmandade inigualável com o “velho” Isaac, mesmo sabendo do risco e do perigo da realização de um novo convite para jantar em sua residência. Sempre brinco, dizendo que o próximo deverá ser por escrito, com horário de chegada e de saída, como aqueles buffets infantis “maravilhosos”. Assim não terá risco de contar com a minha presença por mais três dias ininterruptos “enfurnado” em seu lar.

2 de julho de 2012

SYLVIO PASSOS EM SÃO CARLOS


Na sexta-feira (22 de junho) houve no CINE SÃO CARLOS, o lançamento do “O Início, O Fim e O Meio”, filme que retrata a vida e a obra de Raul Seixas, com as presenças do produtor do documentário Denis Feijão, e do amigo Sylvio Passos, presidente do fã-clube “Raul Rock Club”, fundado em 1981 em São Paulo.

Desnecessária menção, mas para aqueles que não sabem, Sylvio conviveu com Raul nos últimos oito anos de vida do artista, tornando amigo pessoal, produtor, e foi responsável por lançamentos de álbuns como “Let Me Sing”, “O Baú do Raul”, além de livros, participações em especiais, etc, etc e etc.

Inúmeros fãs do rockeiro, admiradores e telespectadores estiveram no local, comprovando que a cidade não se restringe apenas aos amantes do sertanejo.

Antes da sessão que se iniciou às 22 horas, houve uma palestra, onde gostaria de agradecer publicamente as palavras que o amigo Sylvio dirigiu a minha pessoa, reconhecendo o sucesso de uma caminhada que se iniciou há muitos anos atrás, com união, perseverança, garra e uma ideologia em torno da obra do maior rockeiro brasileiro, que se estivesse vivo completaria na quinta feira passada (28/06) 67 anos de idade.

“Foi a primeira vez que vi no final as pessoas aplaudir um filme no cinema”, confessou um amigo, ao findar a esperada sessão. Realmente tem coisas que só acontecem com dom Raulzito, sendo inexplicáveis ou incompreensíveis.

Sylvio Passos e Jéferson, 22.06.12. Crédito KCR.

Gostaria ainda que os elogios feitos por Sylvio Passos, fossem estendidos a nomes como Isaac e Elizeu Soares, Rodrigo, Jéferson Silva, Messa, Thiago Lima, Marcos Rosa, Marinho, Batata, Beto e todo pessoal do Motomorphose, e tantos outros que divulgam constantemente e mantém viva a obra do “Maluco Beleza” nesta cidade.

Logicamente que em breve disponibilizarei de um post próprio para retratar o filme em si, com uma análise crítica e pessoal, mas não poderia deixar de lado a postura, o reconhecimento, à gratidão e amizade deste que considero um dos mais conceituados nomes do “mundo Raulseixista”. Valeu Sylvícolas!