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30 de maio de 2012

Cessando a ROTINA


Os gritos soam no fundo do corredor, até que me levanto para tomar o café da manhã. Pão, dois ovos fritos, leite e um pedaço de bolo. Não necessitaria de mais nada o dia inteiro, mas como dizem que a primeira refeição é a mais importante, tendo a enfrentar outras no transcorrer da jornada.

O sol parece não querer sair, e os semáforos se fecham sempre que me aproximo deles. Seria coincidência ou tudo premeditado? Não me condeno ao errar e ser xingado por outro motorista, até porque desconheço seus problemas e seus descontentamentos. Por um instante acredito que ele nunca errou, e teria motivos para expressar tanta ira e nervosismo.


Vejo um homem, cabisbaixo e chorando no ponto de ônibus, mas meus afazeres impedem de parar. Fico imaginando o que faz uma pessoa largar tudo e se tornar um mendigo, um andarilho, o “des”conhecido “Zé Ninguém” que a nossa sociedade não consegue enxergar. Imediatamente surgem as respostas para me confortar.

Na minha mesa diversos documentos a serem analisados, mas minha vontade é tomar mais uma xícara de café, onde no caminho até a padaria vejo dezenas de pessoas desconhecidas, e alguns que se arriscam a me cumprimentar, respeitando uma certa distância. Ficar ao meu lado, muitas vezes, não parece ser viável, nem mesmo seguro, nos pensamentos da maioria. Compreensível, pelo menos aos fracos e débeis, onde também prefiro que haja este isolamento.

Retorno e enrolo até o horário do almoço, onde me servem um típico PF, com arroz, feijão, salada, batatas fritas, e bife, mesmo tendo sido orientado a evitar frituras. Fazendo um parêntese, eu nunca vi ninguém me chamar para comer salada, ou um caldo de ervilha. Os convites sempre envolvem pizzas, salgadinhos, churrascos e outras guloseimas que nunca são permitidos pelos médicos. Esses doutores vivem em qual planeta?


Depois do último gole de refrigerante, atendo alguns clientes com histórias absurdas, algumas fora do comum, que tenho que absorver e juntar com os meus próprios problemas, os quais não consigo resolver. Acho melhor procurar um advogado!

Nada acontece e as novidades nem sempre são favoráveis, quando num piscar de olhos o relógio na parede aponta 18 horas e 40 minutos.

Volto pra casa, tiro o “uniforme”, ligo o som, até que vejo o celular vibrar, com um convite especial indicando que daqui a diante nada mais fará parte deste cotidiano que insisto em passar. A rotina a partir de agora é cessada, ainda que seja por alguns instantes, até me deparar novamente com os problemas de amanhã.

25 de maio de 2012

CONFIDÊNCIAS DE BALCÃO


De um tempo pra cá, me tornei um adepto de “buteco” de vila, não exclusivamente para me embriagar, mas para passar alguns dos meus poucos momentos disponíveis em sintonia com o mundo dos “menos favorecidos”, “cachaceiros” e outras denominações que nem precisam ser mencionadas. Já dizia um bêbado em sã consciência, que “bar é cultura”. Não tenha dúvida.

Ontem quando cheguei no “Bar do Mineiro”, o balcão ainda tinha espaço para encostar, e logo me foi servido uma “vitamina”, antes da primeira cerveja. Na parede uma tv transmitindo o jogo do Santos. Aliás, de um tempo pra cá, os aparelhos televisores tomaram lugar dos antigos radinhos, que normalmente eram sintonizados nas ondas médias. Isso foi o avanço, a tecnologia, a modernidade, que não pouparam nem mesmo o mais simples destes “pobres” estabelecimentos.

O taxo esquenta uma carne, que logo é servida a todos os “fregueses” (“cliente é coisa de fresco”, diz o dono do bar), até que Cigano se queixa de seu filho, enquanto o Corinthiano “seca” um lance de ataque do Peixe, em vão pelo gol de Alan Kardec. As piadas surgem na mesa ao lado, até que antes de terminar a primeira “ampola”, vejo Toninho Caranguejo completando meu copo. A solidariedade nestes locais é imediata, ainda que eu tenha sido servido por uma marca diferente a cerveja que estava tomando. Apenas um detalhe, pois o que vale é o gesto, a atitude, a iniciativa. “Aqui não tem classe, dinheiro, e ninguém é melhor que ninguém” desabafa Pigarro ao ver um destes playboys “metido a besta” que logo busca seu caminho.

Espero para assistir os pênaltis na porta, onde entre um trago e outro, vejo nos mais variados semblantes uma felicidade momentânea, descontração e alguns olhares fixos voltados ao chão. A explosão dos santistas após a vitória se contrastava com a decepção de torcedores de outros times, quando Lampião me pergunta: “Doutor, qual o time que você torce mesmo?” Isso porque eu já tinha respondido várias vezes em outras oportunidades. Às vezes são os sintomas do álcool, misturado com a vontade de iniciar uma conversa. Compreensivo.


Logo a TV é desligada, dando lugar a uma música, em sinal que o momento de fechar havia chegado. Pago a conta, me despeço, não sem antes ser provocado por alguns: “A patroa ‘tá’ esperando. Melhor chupar um chiclete”. A idéia não foi ruim, tendo sido este o meu destino.

Esta é uma parcela da realidade da periferia, talvez para muitos o único lazer, onde pude presenciar a pinga sendo derramada no copo acompanhada pela fissura de quem a ingerisse, a emoção dos três santistas com a vitória do time, o jogo do bicho sendo realizado no talão engordurado, as confidências, os desabafos, que me renovaram para “dormir quase em paz”.

23 de maio de 2012

PROMOÇÃO DE ÓRGÃOS


Você sabe qual o seu valor de mercado? Não? Na verdade, muitos defendem que tudo tem seu preço e seu valor, e também não é para menos. Veja que desde uma simples bala na padaria, a um jato supersônico, tudo tem seu preço. No caso do ser humano este princípio não fica excluído.

Cheguei a ler que em tráficos de órgãos, um coração pode chegar a 200 mil reais; a córnea a 30 mil; mesmo preço de um fígado; e um rim por 20 mil reais; sendo que é considerado o terceiro crime mais lucrativo do mundo, perdendo apenas para os tráficos de drogas e de armas.

Veja que uma pessoa pode salvar até seis vidas doando ou vendendo seus órgãos, e com estes preços tabelados, incluindo o coração que é tido como o “produto” mais caro, concluo que o humano, em perfeitas condições (eu disse, “perfeitíssimas” condições), pode chegar ao valor médio de aproximadamente 350 mil reais. Não passa disso!

Logo me veio uma imensa sensação de desgosto pessoal e íntimo. Você percebeu a minha revolta? Então analise o meu pensamento: Você, ou mesmo eu (citando apenas como exemplo), valemos menos que uma simples casa no centro de São Carlos, cidade onde resido; menos que um carro importado, sem muito luxo ou adicionais; ou mesmo a uma simples lancha que só serve para andar nas águas do litoral. A pessoa, mesmo tendo um valor inferior, pode andar na terra, no ar e na água. Você acha justo?

Apesar de pouco freqüentar clínicas ou fazer check-up, tenho a consciência que muitos dos meus órgãos não servirão nem mesmo para serem doados, e posso me considerar uma pessoa no valor de mercado em R$150 mil, chutando alto. Imagine você passar no shopping, numa galeria ou mesmo numa simples loja e me ver na vitrine com uma placa: “Promoção. Só hoje por 100 mil reais, sem direito a troca”.


Evitando passar por este constrangimento, quero deixar bem claro e evidente, mesmo que alguns dos meus documentos (RG, CNH) atestam o contrário, que a partir deste momento, sou um doador de órgãos, caso algo seja aproveitado, sendo melhor salvar uma única vida a ter tudo devorado pela terra. “Que seja feita a ‘minha’ vontade. Amém!”.

20 de maio de 2012

PASSAPORTE INTRANSFERÍVEL


Nos últimos dias acompanhei e pesquisei a respeito das denúncias que a Record fez contra o intitulado Apóstolo Valdemiro Santiago, líder da Igreja Mundial, onde denunciaram a compra de fazendas, aviões e outras propriedades com o dinheiro vindo do dízimo.

Por sua vez, Valdemiro contra-atacou dizendo que o dono da Record, o também intitulado Bispo Edir Macedo, adquiriu a TV através dos dízimos que recebeu dos fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus.

As margens desta discussão, permaneceram R. R. Soares e Silas Malafaia, outros líderes religiosos com grande aparições na mídia nacional.

Sinceramente o assunto me interessou, e pude constatar que todos, na minha opinião pessoal, são “farinhas do mesmo saco”.

Veja que Valdemiro Santiago, hoje líder da Igreja Mundial, foi pastor da Igreja Universal por praticamente 20 anos, tendo feito pregações na África, além de outras igrejas imponentes de propriedade de Macedo na capital paulista.

Já R. R. Soares é casado Maria Madalena Soares, irmã de Edir Macedo, onde juntos fundaram em 1977 a Igreja Universal. Hoje à frente da Igreja da Graça, é “garoto propaganda” de TV por assinatura, denomina seus seguidores como “patrocinadores” e detém horários nobres em vários canais da tv aberta nacional.

Considero, por enquanto, Silas Malafaia o “menos ruim” da tropa, com indiscutível conhecimento teológico, mas por sua vez faz pedidos esdrúxulos, e já foi visto dividindo palcos ao lado de Valdemiro Santiago, com quem já assumiu ter boas relações de amizade.

Hoje o dízimo, ofertas, contribuições e aberturas de novas igrejas estão sendo disputados a peso de ouro, sem contar em nomes como Padre Marcelo Rossi, Fábio de Mello e outros da Igreja Católica que se tornaram pop-star da mídia nacional, chegando a vender milhares de DVDs, CDs, livros e outras tiragens, as quais juram que os lucros são revertidos a caridade.

Para aqueles que não acreditam ou duvidam do que estou dizendo, basta acessar os links abaixo e ver com seus próprios olhos os absurdos e tiranias praticadas, sem esquecer que estamos vivendo meados dos acontecimentos expostos no apocalipse.

Vejam e tirem as suas conclusões:

(O Império do Apóstolo Valdemiro Santiago)

(Bispo Edir Macedo ensinando a roubar os fiéis)

(Padre de 64 anos preso por pedofilia)

(Pastor Silas Malafaia pede valor de aluguel para os fiéis, mesmo desempregado)

(R.R. Soares pedindo que seus fiéis sejam patrocinadores)

A verdade é que estamos envoltos a um festival de pastores sendo investigados pelos órgãos federais, padres sendo presos por pedofilia, e o fiel tentando encontrar a felicidade eterna através dos carnês distribuídos em suas seitas.

Estou vendo que para alcançar o reino do céu é melhor não freqüentar nenhuma religião, senão você estará fadado a comprar seu passaporte intransferível ao inferno, até porque é bíblica aquela frase que diz: “Digas com quem tu andas e eu te direi quem és”.

17 de maio de 2012

RESPOSTAS AOS COMENTÁRIOS


Tirei um tempo para responder alguns comentários deste blog, publicados desde o primeiro post. Sinceramente me surpreendi com os números de participações diretas, sabendo que a maioria não publicam suas opiniões, críticas, pensamentos, algumas provocações, e sim se reservam apenas à leitura dos temas.

No curso das respostas, apenas um princípio: Não responder os chamados “anônimos”, vez que são pessoas que preferiram, ou não quiseram, se identificar, por razões próprias e pessoais, que devem ser respeitadas. Por outro lado, preferi me abster a responder a estes, por não saber a quem estou me dirigindo.

Quero deixar evidente, que os comentários “anônimos”, antes de serem publicados, passam por uma averiguação, e confesso que alguns foram barrados em seu completo teor. Aqueles que defender que essa atitude é equivalente a uma censura, estão completamente equivocados, pois não houve uma só participação identificada que não fosse publicada. Trata-se apenas uma metodologia que adotamos desde que lançamos este veículo.

Il Buono, Il Brutto, Il Cattivo

O tratamento no plural ocorre porque não sou o único responsável pelo desempenho deste blog, pois todos que me conhecem, têm conhecimento que sozinho, não teria nenhuma condições de criar, lançar, manter, selecionar ou publicar nada, sem o apoio de outra(s) pessoa(s), entendida(s) e que domina(m) as técnicas virtuais.

Sinceramente me diverti muito respondendo alguns (até porque seria insensato e cansativo abordar com todos um mesmo assunto de cada post) dos comentários postados. Foi como uma viagem, bastante agradável, com trechos emocionantes, onde reencontrei vários amigos(as), e na maioria das vezes me identifiquei com muitos que infelizmente jamais tive o prazer de conhecer.

Agradeço cada pessoa que divulgou, publicou seu comentário, criticou, elogiou, ou simplesmente acessou o “In’Controle” para ler um simples post. Obrigado mesmo!

14 de maio de 2012

CINZAS DISTRIBUÍDAS


Por hábito e necessidade pessoal, costumo, periodicamente, andar no cemitério. Entre túmulos, as mais diversas datas expostas, sepultamentos e velas acesas, há uma sintonia primordial entre o ambiente, o silêncio e o céu, normalmente nublado, sendo este o único requisito indispensável para o dia escolhido da minha peregrinação.

Não visito apenas o túmulo do meu velho pai, mas diversos outros, como da garota, que dizem ter dançado com o diabo na quarta-feira de cinzas, história que muitos acreditam ser uma lenda, enquanto outros defendem ser realidade, ocorrida no início do século passado.

Nestas idas e vindas, conclui que São Carlos, mesmo sendo uma cidade com algumas personalidades oriundas de seu berço, não há um só “esqueleto” de repercussão nacional descansando em seu berço eterno.


Constatei que somente no “Nossa Senhora do Carmo” são mais de 100 mil corpos enterrados, ou seja, uma média de 03 jazigos fechados por dia, e os ícones são Jesuíno de Arruda, Luis Augusto de Oliveira e Antonio Maffei. Veja que nem mesmo Ronald Golias e Pardinho (da dupla caipira com Zé Carreiro), que nasceram na chamada “capital de tecnologia” estão sepultados na cidade.

Quem sabe poderemos iniciar um movimento de campanha para resguardar dois lugares aconchegantes para os restos mortais de Maurren Maggi e do Nenê Hilário, logicamente num futuro bem distante, pois somente assim nossos netos poderão ter um “espaço pós-vida” um pouco mais fashion.

Brincadeiras de lado, concluo dizendo que o cemitério não é apenas um depósito de ossos, podendo ser visto como um local de reflexão, onde provavelmente tanto você quanto eu, integraremos a mínima parte que nos cabe deste grande latifúndio.


Disse provavelmente, pois há uma corrente, iniciada pela Kelley (my great love) e já contando com alguns seguidores, defendendo que no meu caso a melhor opção seria a cremação, e distribuir em pequenos sacos as cinzas para os (as) visitantes no último adeus. Já pensou ir ao meu velório e sair carregando o pó de uma parte do meu corpo? Ninguém merece!

10 de maio de 2012

VACINADO CONTRA HIPOCRISIA


Já disse algumas vezes, mas volto a repetir: Quanto mais eu conheço as pessoas, mais eu admiro os meus dois cachorros. Uma frase velha; com algumas versões análogas; retrógrada; mas real e intensa.

Como é fácil entrar na “onda” e criticar esta ou aquela, apenas para fazer parte da “turma”, sem se importar com as conseqüências, sem analisar que pode ser perigoso e fora de moda se vestir com a “roupa” que te escolheram.

Depois de um tempo, mesmo que este tempo demore a chegar, o absurdo, a difamação, a mentira, e até mesmo o que disseram acabam se evidenciando para quem foi ferido(a), criticado(a), rotulado(a), sem que a parte afetada tenha tido qualquer direito de defesa. Infelizmente ou felizmente o script e os personagens aparecem somente próximo do final da trama.

Essa é a nossa realidade, uma realidade cruel que foge dos princípios, e olhando ao meu lado, vejo que quanto mais confiáveis as pessoas, mas irresponsáveis e medíocres se tornaram, não integrando no seu ser a experiência, os erros que cometeu, as pancadas que sofreu. Nada do que passou acabou valendo à pena para renovar a sua própria formação.

Abala saber que tudo poderia ser diferente, e cobrar uma outra conduta de comportamento é não me conhecer, ou fingir que não me conhece, pois carrego comigo o rancor, a mágoa, o desprezo, elementos que nem sempre fazem bem, mas que se tornaram essenciais como munições de defesa, até porque minha principal arma é a vacina contra toda esta hipocrisia em evidência.

Pago as conseqüências das minhas escolhas, sem arrependimentos, mas vejo que muitos tentam se isentar das conseqüências de suas atitudes.

Frazier X Ali


Como diz aquele velho ditado, “quem bate esquece, mas quem apanha difícil esquecer”.

Ontem e hoje o alvo é “aquela” pessoa; amanhã pode ser você! Até porque o mundo gira, da voltas. Pense nisso! Se hoje caminho na escuridão, pode ser que amanhã a luz se ascenda no final deste túnel.

7 de maio de 2012

HÁBITOS COAGULADOS


Envelheci cinco anos em pelo menos seis meses, depois de ver e sentir o que nunca imaginava passar na minha vida. A decepção está impregnada dentro do meu eu, sem que nada ou ninguém consiga extraí-la, mesmo que eu tenha tentado de todas as formas e condições.

O que vale uma pessoa? Alguns copos de cervejas em mesas à beira da calçada? Saborosas tiras de picanha num sábado à noite? Ou uma simples dose de uísque antes da “nuit” de sexta-feira? Acredito que para muitos, meu valor nestes meses foram inferiores a todos estes exemplos citados.


Penso e reflito que você não é avaliado por um contexto, e sim por algumas atitudes que julgam negativas, inaceitáveis, ainda que sejam isoladas, de forma impiedosa.

“Nunca tenha ingratidão com que já te fortaleceu”, é a frase que todas as manhãs desperta no meu cérebro, como fosse a carga na bateria para dosar os passos que darei durante o dia.

Apesar do meu envelhecimento precoce, aprendi que o sangue não representa a dor, que a covardia fica normalmente oculta, que muitas vezes calar não é consentir, e que é bem mais fácil empurrar a tentar levantar.

Vejo os dias passando, aflorando a vingança alheia, e com as ameaças coagularam alguns hábitos que tendem a não mais se desvencilhar, como marcas cerradas na pele, que imploro para o tempo carregar.

Falta força, fica a dor, onde mesmo deitado me conscientizo que preciso levantar, talvez para mais tarde trazer comigo, de volta ao lar, mais indignação, decepção e uma porção de incompreensão com muitas coisas que irei defrontar nas próximas horas.

Nada que eu não aceite ou não compreenda continuarão acontecendo, e a decepção que entrou avassaladora, sem bater na porta, sem permissão, continua no interior do meu ser.

3 de maio de 2012

Vamos jogar STOP?


Acredito que eu tenha sido convidado apenas uma vez, depois dos meus 15 anos de idade, para jogar STOP. Imagine eu, sentado numa mesa na sala de estar, num sábado à noite jogando stop?

Mas deixando estas particularidades de lado, vagou pela minha cabeça a diferença de um rico e de um pobre, preenchendo simultaneamente as colunas deste famoso jogo, onde necessitamos apenas de uma caneta, papel, rapidez e memória.


Suponhamos que seriam 10 temas e de entrada fosse sorteada a letra C.

  • Nome: O rico escreve CILENE, o pobre CREIDE ou CREUZA;
  • Comida: O rico escreve CAVIAR, o pobre “COCRETE” ou COXINHA;
  • Bebida: O rico escreve CHAMPAGNE, o pobre CINAR ou CERVEJA CONTI;
  • Carro: O rico escreve CAPTIVA, o pobre não esquece o CORCEL ou a COMBI;
  • Programa: O rico escreve CAFÉ FILOSÓFICO, o pobre não perde o CIDADE ALERTA, com o DATENA;
  • Animal: O rico escreve CAVALO “DE RAÇA”, o pobre sempre tem um CACHORRO;
  • Cidade: O rico escreve CALIFÓRNIA, o pobre se pudesse viajaria para CATANDUVA;
  • Profissão: O rico escreve CHEF DE COZIN, o pobre CHAPEIRO DE LANCHONETE;
  • Cantor(a): O rico escreve CHICO BUARQUE, o pobre CALCINHA PRETA;
  • Time: O rico escreve CRUZEIRO, o pobre nem preciso falar.


No final, certamente o rico faria 100 pontos, enquanto o coitado do pobre, se desse tempo antes de gritarem “stop!” conseguiria no máximo uns 85 pontos, evidenciando a diferença logo na primeira rodada, até porque vários outros pobres no jogo também colocariam Corinthians, Corcel e Cachorro.

1 de maio de 2012

Dia do Escravo


Hoje é celebrado o dia mundial do trabalho, onde nas grandes metrópoles são realizadas festas promovidas por centrais sindicais, partidos políticos e organizações que se intitulam protetoras desta classe, bastante cansada, explorada e desprezada no nosso quadro social.

Um dos maiores representantes do trabalhador brasileiro chama-se Luis Inácio Lula da Silva, o nosso ex-presidente. Independente de sua atuação como líder da nação, Lula exerceu sua função de torneiro mecânico por menos de 10 anos registrado em Carteira de Trabalho. Depois se tornou político. Resumidamente este é o espelho que o assalariado tem como seu representante maior.

Deixando este fato de lado, aproveito este espaço para registrar uma disparidade no que tange a este assunto. Imagine um trabalhador, com sua esposa e dois filhos, chegando em São Paulo, e logo que desembarca na rodoviária é empregado para receber um salário mínimo. Na esquina onde ele foi contratado, tem uma padaria, com a seguinte promoção: “Um café e um pão com manteiga por R$3,00”. Veja que com ele, são quatro pessoas. Quatro pessoas fazendo duas refeições por dia, equivale ao valor de R$24,00, o que resultaria em R$720,00 no mês inteiro. Ou seja: O salário (atualmente de R$622,00) que ele recebe por mês não paga duas refeições por dia, sendo apenas um pão com manteiga e um café, para sua família. Logicamente que se trata de um exemplo patético, mas que serve para analisarmos o poder de compra que um salário mínimo representa no nosso Brasil anil.


Agora eu pergunto: Hoje deveria ser comemorado o dia do trabalhador ou o dia do escravo brasileiro? A Lei Áurea já está em vigor? Até porque no século XVIII o escravo trabalhava em média 16 horas por dia, recebia alimentação e alguns poucos recursos mínimos para labutar em prol do seu senhor. O que mudou para os dias atuais? Acredito que quase nada!

Mesmo assim os trabalhadores estão em festa, por celebrar esta data magnífica. Por enquanto esqueçam o Lula, até porque hoje temos o Paulinho da CUT, Genuíno e Vicentinho, grandes valores que representa com magnitude esta sofrida categoria em altos escalões do Poder.

Além de tudo que escrevi neste post, há outro motivo para comemorar nesta data tão festiva: Fiquei sabendo, se tudo der certo, que no próximo ano o salário mínimo terá um reajuste de nove por cento. Que maravilha! Só falta cantar: “Vamos ‘simbora’ ‘prum’ bar; beber, cair, levantar”.